Não tinha sido uma boa noite para o
doutor Paulo Cohen, durante seus plantões ele sempre se deparou com os casos
mais esquisitos. Mas neste que ele está, coisas ainda mais curiosas
aconteceram.
Já no começo da noite ele teve que
atender um caso em que duas pacientes estavam com um caso de alergia, até aí
tudo bem, porém, as pacientes eram gêmeas e haviam comido inadvertidamente um
prato contendo frutos do mar, e o resultado era que as moças que aparentavam
ser em seus estados normais provavelmente bem simpáticas, no momento estavam
quase que desfiguradas devido ao inchaço provocado em seus rostos pela alergia.
Depois de medicar as duas moças, o
doutor Paulo apenas sentou em sua cadeira, respirou fundo e foi novamente
chamado pela sua equipe. Agora ele foi chamado para atender um garoto de sete
anos de idade que havia quebrado seu braço ao brincar em plena noite dentro da
máquina de lavar roupas. Os pais do garoto contaram que ao descobrir onde o seu
filho estava eles o chamaram e quando foi sair da máquina ele se segurou de mau
jeito na porta da máquina e agora estava diante do doutor Cohen.
O braço do garoto estava em um ângulo
que causava dor nas pessoas só de olharem o estado do menino.
Apesar de ele momento estar demostrando
dor o garoto ainda conseguia rir. – É o nervosismo- Pensou o doutor Cohen.
Como você se chama filho? – Disse o
doutor.
Com um olho fechado e outro aberto o
garoto disse entre os dentes – Gustavo.
Muito bem Gustavo, você está tendo uma
noite bem agitada não?- O Doutor falou colocando suas luvas.
- Bem, Gustavo, preciso que você siga
minhas instruções, ok?
OK- Disse Gustavo agora com os dois
olhos fechados.
Você ficará bem, mas preciso ver como
está seu braço, vou pegar ele ok?
Não! – o garoto falou abrindo os olhos
cheios de lágrimas - vai doer.
Neste momento até a mãe do garoto que
estava do outro lado da maca olhava aflita para o doutor Cohen.
- Vamos fazer assim, você vira seu rosto
para o outro lado e não abra os olhos, eu vou pega seu braço para poder examinar
o estado de seu braço.
É, mas. Mãe – Falou suplicante o garoto
olhando para sua mãe.
- Amor, você precisa fazer o que o
doutor está falando. Você procurou isso.
Está bem - Disse desolado
Já experiente em casos como esse o
Doutor Cohen, no momento em que o garoto se virou para o outro lado pegou o
braço do dele e o colocou no lugar correto. Gustavo deu um grito, e olhou
acusadoramente para o doutor Cohen, porém deu um leve sorriso após constatar
que seu braço já estava no lugar correto e já não doía como antes.
Depois do menino com o braço quebrado, o
doutor Paulo, atendeu um jogador de futebol amador que havia torcido o
tornozelo durante uma partida na madrugada. Em seguida foi a vez de ver os
ferimentos que haviam em um entregador de pizza que com a pressa de realizar a entrega
dos pedidos terminou por cair da moto ao se desviar de uma gato que estava
passando na rua.
Depois de passar a madrugada todo se
virando em dois, pois o outro médico plantonista havia novamente faltado. O
doutor Paulo teve um tempo para descansar um pouco antes de terminar seu
plantão. Os raios do sol já penetravam as janelas do hospital, e o doutor podia
ouvir o barulho vindo de fora da sala onde ele estava.
Ele se levantou pegou o seu celular e
iniciou uma conversar pelo Whatsapp.
Paulo – Vejo você hoje à noite?
Priscila - Oi amor, sim claro. Mesmo local de sempre?
Paulo – Por mim tudo bem.
Priscila – Você já saiu?
Paulo -
Não, ainda estou no hospital, tive um tempo pra descansar.
Priscila- ok amor, nos vemos de noite.
Ele olhou a última mensagem e depois se
espantou com alguém batendo na porta. – Mais uma paciente – Pensou Paulo
frustrado.
Oi doutor Cohen – Disse o enfermeiro que
havia batido na porta.
- Olá, bom dia Ronaldo.
Último paciente de hoje para o senhor,
penso eu - Falou Ronaldo apontado o caminho para o doutor Cohen.
- É uma jovem em trabalho de parto,
doutor.
- Parto? – Disse incrédulo o douto
Cohen- Estou cansado de ter que cobrir as faltas do Doutor César, e ainda mais
um parto?
Sinto muito, mas só o senhor está
disponível agora - Comentou Ronaldo com um sorriso forçado.
Os dois homens caminharam
apressadamente, e chegando à porta onde estava a jovem grávida o enfermeiro
Ronaldo parou e abriu passagem para o doutor Cohen.
Fico por aqui doutor, Mande um abraço
para Clara e para as crianças.
- Mando sim Ronaldo, até mais. Bom
trabalho. Depois dela eu vou para casa.
Ao entrar no quarto o doutor Paulo
encontra a jovem já em avançado trabalho de quarto, com as enfermeiras ao lado
dela, fazendo os preparativos para a criança que viria ao mundo.
Rapidamente o doutor faz a esterilização
de suas mãos, coloca suas luvas e começa a dar as instruções finais para as
enfermeiras presentes.
A pesar dos movimentos ofegantes da
jovem gravida o doutor Cohen constata que será um parto sem maiores problemas.
- Calma minha filha, você está indo
muito bem. Só mais um pouco de força e você terá seu filho junto ao seu colo.
A jovem respira várias vezes, soltando
rapidamente lufadas de ar. Fechando os olhos e fazendo força.
- Isso, vamos, filha, quase lá.
O Doutor Cohen, já pode ver a criança
aparecendo.
- Só mais um pouco, já estou vendo ele.
Com um esforço final a jovem, presente
que o bebê virá ao mundo neste momento. O doutor Cohen aproxima mais suas mãos
da criança.
A jovem solta um grito de dor. E junto
com ela o Doutor Cohen também solta um grito, mas um grito de angustia. Pois o
bebê que ele estava quase que completo em suas mãos, se desmaterializou no ar,
deixando apenas os retos da placenta em suas mãos. Incrédulo o Doutor Cohen
olhou em sua volta e viu que alguns instrumentos haviam caído no chão e que uma
enfermeira havia sumido da sala sem ele perceber.
Ao voltar seu rosto para a jovem, o
doutor Paulo Cohen, viu o rosto assustado da jovem. Seus grandes olhos azuis
suplicavam por uma resposta do doutor, pois ela sentiu que seu bebê não estava
mais nela, mas também não estava nas mãos do doutor.
Por: Humberto Baia
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