quarta-feira, 1 de julho de 2015

Harpazo - Contos do arrebatamento. "Café no ar"









O celular começou a vibrar depois começou a cantar a música Happy de Pharrel Williams (Amanda amava aquela música), e nada melhor do que começar um dia com uma música que enche seu ser de alegria e ânimo. Ela deixou tocar a música alguns minutos e depois levantou vagarosamente sua mão em direção ao celular que ficava sobre a criado-mudo, pegou o celular, desligou o alarme e olhou rapidamente as inúmeras mensagens dos grupos de que fazia parte. A mesma baboseira de sempre, há anos deixamos de nos comunicar mais intensamente por e-mail, mas as pragas que se criaram nesse tempo ainda persistem – correntes- disse Amanda com um ar cansado.

Ela se levantou, se espreguiçou, e depois sentou-se na beira da cama olhando o nada, deu uma piscadelas e começou a se arrumar para ir ao trabalho. Um banho rápido, uma escolha de roupa anda mais rápida e já estava pronta para mais um dia no seu trabalho.
A sua rotina era a mesma, já há uns meses. Trabalho, casa e uma saída com as amigas ao cinema ou alguma festa que aparecesse. Antes ela também frequentava uma igreja, deixou de ir faz quatro anos, e para ela pareciam muito mais. Amanda não tinha namorado. Namorados consomem muito tempo e energia, e ambos Amanda estava focalizando e seu trabalho. Desde que se formou há dois meses e após a sua contratação ela só tinha em mente uma coisa: crescer na empresa.
O trabalho ficava perto de sua casa, coisa que a deixava livre para acordar um pouco mais tarde. E ir sem preocupação para o ponto de taxi.
Amanda saiu de seu apartamento pensando no novo projeto que ela estava trabalhando. Ela era publicitária e a empresa tinha escalado para esta nova missão. A anterior ela tinha realizado com maestria. Trazer de volta a popularidade de uma empreiteira envolvida em um escândalo de corrupção. No começo ela foi tomada por um temor, mas que se dissipou depois de ponderar sobre suas qualificações.
O comercial começava com aquelas batidas de bateria lentas seguidas após alguns momentos dos demais instrumentos, pessoas felizes em frente de casas novas, depois uma sucessão de famílias sentadas em seus confortáveis sofás, e mais algumas frases de efeito, e a maioria da população nem mais lembraria o que a empresa havia feito há poucos meses – talvez ainda faça- pensou certo dia Amanda, mas foram pensamentos que logo se dissiparam pois ela profissional e estava apena fazendo o seu trabalho.
Perdida em seus pensamentos, ela piscou após ouvir- chegamos senhora- proferido pelo taxista. Ela pagou a corrida e desceu sem pressa do taxi em direção ao prédio em que trabalhava.
Amanda entrou no prédio.
– bom dia seu Artur- Ele era o porteiro.  
- Bom dia dona Amanda-
Entrou onde ficavam os escritórios dos funcionários e começou a ouvir o burburinho característico do ambiente – eu amo isso- pensou Amanda. Um leve toque foi dado em seu ombro – Bom dia Amanda, quer um pouco de café?- Era seu estagiário Lucas, um rapaz de 17 anos, esforçado, só um pouco estranho pensava Amanda, deve ser a religião dele. Mas como ele fazia bem seu trabalho ela gostava dele.
- Bom dia Lucas pronto para mais um dia de Traba...- suas palavras ficara presas pois em sua frente o rapaz desapareceu e ela viu a caneca que ele segurava cair como que em câmera lenta no chão atapetado do escritório derramando seu conteúdo no chão e levantando a fumaça no ar.
Amanda segurou com suas mãos a boca , uma expressão de horror surgia em seu rosto-  Não! - Disse para dentro- Não é possível! A razão disse que aquela história era apenas conto de fadas- As forças fugiram de sua pernas e ela caiu de joelhos no chão, chegou a sentir o calor do café derramado em suas pernas, e lagrimas quentes encheram seus olhos. E o burburinho que ela amava se transformou em gritos de pânico vindos de todos os cantos do escritório.




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